segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Amigos Amigos, paixão à parte #2

  Como melhores amigos podem destruir tão facilmente uma vida que eles próprios ajudaram a construir? Me arrisco a dizer que talvez seja porque quanto mais você se envolve com alguém, maior é a chance dessa pessoa te machucar. E isso importa? Continuaremos a confiar nas pessoas na mesma medida, e a nos apaixonar também.
   Ele pediu desculpas, eu desculpei. Explicou que não mandava em seus sentimentos, eu acreditei. Me abraçou, eu aceitei. Mas jamais o perdoei completamente. Talvez, no final, eu só o quisesse ao meu lado novamente.
   Entretanto, tê-lo ao meu lado novamente não foi tão confortador: ele levava sua nova paixão ( e minha antiga melhor amiga) a tiracolo, e por isso, nada era como antes. A não ser no ano novo, que pude usurfruir da companhia do velho melhor amigo que ficara no passado, e fora substituido por uma nova paixão.
     Nossas famílias eram amigas desde que nos conhecíamos por gente, e por isso, todas viradas de ano, nós passávamos juntos numa grande casa de praia dos pais dele. E como em todas viradas de ano anteriores, ao fim da contagem regressiva, meu amigo me puxou pela mão e fomos correndo para a beira da praia.
     Chegando lá, com o mar a bater suavemente em nossos pés descalços, andamos em silêncio. Não soube o motivo da sua ausência de palavras; eu não quis ousar sequer um artigo, temendo denunciar meus sentimentos. Mas foi no silêncio que tudo então se resolveu. Ele me olhou nos olhos, me pegou a mão, e todo o passado apagou-se em minha mente: meu segundo beijo de toda uma vida.
    Atrás de nós, uma voz gritou: "droga, perdi a aposta!" . Frente a mim, ele recuou. E o mesmo silêncio transformou o melhor momento da minha vida no pior deles. Pude entender tudo ao ver sua cara de assustado.

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